Por trás das panelas: as mãos que levam saúde e sabor através da cozinha do Hospital
A expressão “parece comida de hospital” não se aplica às refeições do Hospital Santa Tereza. Isso porque a cozinha HST presta um serviço diferenciado com cardápios saborosos, que faz com que qualquer paciente se sinta em casa, e sempre cumprindo as exigências médicas e nutricionais.
Etapa importante para a recuperação e acolhimento dos pacientes, as refeições são personalizadas e pensadas a partir de cada um, de forma humanizada e carinhosa. “Quando fazemos com amor, qualquer prato fica delicioso”, conta a cozinheira dona Lourdes Rodrigues, que há 40 anos desempenha essa função no Hospital.
A cozinheira conta que o trabalho da equipe é bastante elogiado por todos. Segundo ela, as refeições que são servidas cinco vezes ao dia, se consagram como uma forma de alegrar a vida daqueles que passam por um tratamento ou momento delicado. “Depois de comer, os pacientes mandavam agradecer e às vezes vinham até a cozinha pra me dar um abraço”.
O serviço de cozinha, que tem muito em comum com o sistema de hotelaria, é fundamental para compor um atendimento de excelência em ambiente hospitalar. De acordo com a nutricionista Karina de Carvalho Ferrero, é comprovado que o estado nutricional do paciente contribui muito para a melhora, principalmente no processo infeccioso. “Estudos mostram que um paciente bem alimentado e bem nutrido tem uma melhor recuperação. São três dias de internação a menos, com riscos e custos reduzidos”, explica.
Vale lembrar, que apesar de saborosa, a comida do HST está dentro dos padrões de exigências médicas, com a quantidade de sódio recomendada, bem como o cuidado com ingredientes sempre frescos e naturais. “Não fornecemos fritura dentro do Hospital porque sua digestão é mais complicada e demorada. Além de oferecer alimentos saudáveis, buscamos seguir o recomendado de ter refeições de três em três horas, o ideal para que o paciente esteja sempre alimentado e com o metabolismo funcionando normalmente”, lembra a nutricionista.
O preparo
A rotina da cozinha começa cedo no HST. Isso porque a equipe, que é constituída por 18 pessoas, preparam 3.500 refeições diárias nas dependências do hospital. “Ao todo são cinco refeições para cada paciente: café da manhã, almoço, lanche da tarde, jantar e ceia. Nós também servimos para os acompanhantes”, conta a nutricionista.
Cardápio
O dia começa com a preparação do café da manhã, às 5h. Logo depois, às 7h, o almoço começa a ganhar forma e assim as panelas e cozinheiras continuam a trabalhar, até às 22h30, quando é servida a última refeição: a ceia. Segundo Karina, o cardápio é variado, mas é pensado para que atinja o maior número de patologias possíveis. “A gente tenta fazer o mais comum possível, mas mesmo assim sempre fazemos pelo menos dois ou três tipos de cardápios em cada refeição”, diz.
Além disso, a nutricionista chama a atenção para os alimentos que sempre estão ou que jamais podem estar no cardápio. “Eu acho que o único ponto comum das refeições para todas as patologias é o arroz porque ele não tem restrição, só de quantidade, mas não do alimento em si”. Já o único alimento proibido nas refeições do Hospital são as carambolas. “Ela é tóxica para paciente com problemas renais”, explica.
Segredo do sabor da cozinha do Hospital
A receita é mais simples do que parece: amor, dedicação e vontade de ajudar o próximo. O sabor é consequência de atos simples, que fazem a diferença para quem passa por um momento delicado. Mas, mais do que isso. A cozinha do HST só trabalha com ingredientes frescos e temperos naturais. “Temperamos as refeições com alho, cebola, salsinha, cebolinha, alecrim, enquanto que a maioria das cozinhas industriais usa tempero pronto. É aí que está o segredo do sabor. Isso sem falar das cozinheiras, que realmente se dedicam”, explica Karina. Além disso, todos sabem que o que um paciente mais quer quando está internado, é ir para casa. Por isso, o HST personaliza alguns pratos para atender gostos e desejos e fazê-lo se sentir em casa. “Tivemos uma gestante que ficou internada por três meses e ela estava acostumada a comer feijão de corda. Então, fizemos essa receita para agradá-la. Atendemos sempre sob o aspecto humanizado”.
Amor (e sabor) sem igual
Com 40 anos de casa, a relação entre Lourdes XXX e o Hospital e Maternidade Santa Tereza começou através de seu esposo, que estava recebendo tratamento no HST. “Na época, o meu marido estava internado aqui e chegou uma moça da cozinha. Eu perguntei para ela se estava precisando de pessoas para trabalhar e ela disse que sim”, conta.
Assim, Lourdes iniciou um trabalho que ultrapassa décadas e que a enche de orgulho. “Eu dormia meia noite e acordava às três horas da manhã para deixar tudo pronto para os meus filhos e vir preparar as refeições para os pacientes”, explica.
Conhecida por sua simpatia e cuidado com o próximo, Lourdes não conquistou apenas pacientes e acompanhantes. Os colaboradores do HTS sempre passam pela cozinha para prestigiar o trabalho de tantos anos da cozinheira. E não para por aí. Você já provou o pãozinho especial feito por essas mãos? Essa iguaria de dona Lourdes conquistou o coração (e o paladar) do médico fundador do HST, José Carlos Penna Tobar. “Ele adorava o pão que eu fazia, a Dona Vera me pedia sempre para mandar alguns para comerem em casa”.